terça-feira, 4 de abril de 2017

Algodão silvestre nativo do Brasil pode ser encontrado no nordeste


algodão nativo 1Com o objetivo de promover a conservação dessa espécie, pesquisadora da Embrapa Algodão (PB) Lucia Hoffmann, partiu em expedição no final do ano passado, percorrendo os municípios de Lucena, Pitimbu (PB), Goiana, Itamaracá (PE) e Macururé (BA), onde foram mapeadas plantas de algodão nativo. A espécie ocorre naturalmente nos estados da Bahia, Pernambuco e Paraíba, mais frequentemente próximo a leitos de rios que não são perenes e, quando na mata, parece ter preferência por clareiras.
Gossypium mustelinum é o nome científico dessa espécie de algodão silvestre nativo do Brasil, que não ocorre em outros locais do mundo. Apesar de não ter importância econômica, já que suas fibras são curtas, esse algodão é do mesmo gênero do algodão cultivado (Gossypium hirsutum) e pode ser cruzado geneticamente com ele, o que o torna uma espécie de grande interesse para estudos científicos, pois é capaz de contribuir para o melhoramento das plantas comerciais. “As características genéticas desse algodão nativo são únicas e podem ser uma fonte de estudo para resistência a doenças e pragas”, explica a pesquisadora da Embrapa Algodão (PB) Lucia Hoffmann. De acordo com a cientista, a planta poderá ser fonte de material genético de interesse para o melhoramento da espécie comercial, por isso é fundamental a sua preservação.
Em 2011, outra expedição confirmou a existência de populações de algodão silvestre no litoral da Paraíba e Pernambuco. “As plantas têm algumas características diferentes das que ocorrem na Bahia e também da população que já existiu em Caicó, no Rio Grande do Norte, hoje extinta. As principais características identificadas como diferentes, além do habitat, são o maior tamanho da flor e ausência de pilosidade acentuada nas folhas. Nesta expedição,  se fez um esforço para viabilizar a manutenção das plantas in situ”, informa Lucia Hoffmann.

A Embrapa tem plantado esses algodoeiros que têm risco de extinção de seca para multiplicação de sementes, como o caso das plantas que foram extintas no Rio Grande do Norte. “Nós plantamos as sementes e estamos aguardando florescimento”, diz Hoffmann. Sementes que haviam sido colhidas em duas lagoas de Macururé entre 2003 e 2005 também foram plantadas na Embrapa, em Goiás, e germinaram. “Caso floresçam e produzam sementes será importante para a manutenção, já que em Macururé, nessas lagoas, não existem mais plantas de algodão”, afirma.
EMBRAPA

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