sexta-feira, 2 de junho de 2017

Agentes de defesa são treinados para reconhecer perigosa doença do coqueiro

Viviane Talamini - Pesqusiador em demonstração prática
Pesqusiador em demonstração prática
Capacitar agentes Brasileiros para a detecção do amarelecimento letal do coqueiro, uma doença fatal que tem risco de chegar ao Brasil. Esse foi o objetivo do treinamento promovido pela Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) nos dias 29 e 30 de maio para técnicos de defesa agropecuária da Superintendência do Ministério da Agricultura no estado e da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro).
O curso foi ministrado pelo pesquisador francês Michel Dollet, da agência francesa de pesquisa agronômica (La Recherche Agronomique pour le Développement - Cirad) e pela pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros Viviane Talamini, especialista em doenças do coqueiro. O treinamento acontecerá em junho também com agentes do Pará, na Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), e de Roraima, na Embrapa Roraima (Boa Vista, RR).
“O amarelecimento letal é uma praga quarentenária ausente no Brasil, e sua identificação precoce caso ela chegue ao país é essencial para o seu controle. Por isso é extremante importante que os técnicos das instituições de defesa vegetal dos estados, bem como do ministério, estejam treinados na detecção da doença e coleta de amostras, e os laboratórios sejam capacitados em analisar essas amostras corretamente para evitar falsos positivos ou negativos”, explica Dollet.
Durante o curso, os pesquisadores abordaram a ocorrência de amarelecimento letal em regiões importantes para cultura do coqueiro, como Caribe, Américas e África, além de outras doenças causadas por micro-organismos em coqueiros, os aspectos teóricos da amostragem e como evitar falsos positivos ou negativos.
Além de teoria e conceitos, o treinamento teve conteúdo prático, com simulações de coleta de amostras nos coqueiros plantados na Embrapa.
No próximo módulo, em data a ser marcada, o foco será no treinamento de técnicos do Laboratório de Fitossanidade da Unidade da Embrapa em Aracaju em técnicas de amostragem e análises diagnósticas.
Cooperação
Dollet é referência mundial em epidemiologia e manejo de doenças letais do coqueiro, e vem atuando em cooperação com pesquisadores da Embrapa desde 2015 no projeto ‘Aprimoramento do conhecimento científico sobre o Amarelecimento Letal do coqueiro, uma doença quarentenária A1 (ainda não detectada no território nacional), e outras doenças emergentes para apoiar medidas preventivas de controle e de contingência no Brasil', cujo líder é o pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros (SE), Leandro Diniz.
O objetivo da cooperação é aprofundar os conhecimentos dos pesquisadores brasileiros sobre o amarelecimento-letal, informar e preparar os produtores para a adoção de medidas preventivas e identificação precoce e também executar um plano de contingência caso a doença chegue ao território brasileiro.
Alerta
Uma das iniciativas do projeto foi a edição de um boletim de alerta para a doença, que terá distribuição massificada entre produtores, agentes de defesa agropecuária e assistentes técnicos das regiões produtoras. A publicação está disponível online.
Assim que o produtor perceber um ou mais coqueiros, ou outra espécie de palmeira, com os sintomas descritos, deve fotografar as plantas e entrar em contato com a Embrapa através do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC).
A doença
O amarelecimento-letal é uma doença causada por um microrganismo do tipo fitoplasma que se dissemina por meio de insetos vetores, os quais  se alimentam das folhas de palmáceas (Myndus crudus Van Duzee), e já atingiu coqueirais e palmáceas da África, Costa Atlântica, várias ilhas da América do Norte e Central e já se encontra no México e Honduras.

Registrada a doença em uma área, a paisagem muda em questão de meses. Os coqueirais afetados ficam, na fase final da doença, com os estipes (nome dado ao tronco do coqueiro) sem folhas, lembrando postes após uma explosão, e a imagem contrasta com os cartões postais de praias tropicais.
NOTA DO BLOG:
O RN é um grande produtor de coco, principalmente na região agreste e litoral. A doença já se encontra em continentes vizinhos como a África e América do Norte. Está perto. Não custa nada a EMBRAPA através de sua rede de pesquisadores, acender a luz amarela, começando a estudar a viabilidade de uma provável chegada da doença no Brasil. Tomara que não. É deverasmente preocupante.

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