sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Seminário regional debateu sobre impactos dos parques de energia eólica no Nordeste


Eólica é matriz energética limpa? (Foto: Comunicação Irpaa)
Eólica é matriz energética limpa? 
Fortes relatos de quem sente na pele todas as consequências da instalação dos parques eólicos nos seus territórios de origem e a certeza de não ser viável esse modelo de geração de energia marcaram o Seminário sobre os impactos ambientais e sociais dos parques eólicos no Nordeste brasileiro. O evento reuniu cerca de 50 pessoas impactadas pela instalação destes parques, assessores, pesquisadores, estudantes, lideranças comunitárias e representantes de entidades de apoios a organizações e movimentos sociais dos estados da Bahia, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Ceará, de 22 a 24 de setembro deste ano, em Juazeiro (BA).
O evento teve o objetivo de garantir uma troca de experiências e de articular as comunidades que estão sendo ameaçadas por estes empreendimentos. A intenção é que estas comunidades se fortaleçam e agreguem mais força na resistência em torno do avanço de projetos de desenvolvimento nas comunidades rurais, ribeirinhas e litorâneas.
Reunidos por estado, os participantes socializaram quais os impactos que estão sofrendo e quais as experiências de resistências frente à entrada dos parques eólicos nos territórios dos povos tradicionais e originários por todo o Nordeste. “O território é sagrado”, diz um dos participantes sobre o pertencimento das pessoas com o seu local de socialização, produção econômica, social e cultural e também da sua relação com a natureza.
Um dos questionamentos levantado se refere, principalmente, à matriz energética brasileira que ignora os modos de vida, as desigualdades sociais e explora, em grande escala, os recursos naturais, sendo que ainda é chamada de energia limpa. Porém, para os atingidos e especialistas no assunto, estes modelos de geração de energia – que promovem uma lógica socioambiental injusta onde as empresas ganham e as populações e o meio ambiente perdem, gerando diversas consequências, muitas vezes, irreversíveis – não podem ser chamadas de limpa. “Muito se tem dito que esta é uma energia limpa, porém ela tem gerado sérios danos nas comunidades, que não são ditos, são invizibilizados. Impacta na existência das comunidades”, denuncia Nonato Filho, do Conselho Pastoral de Pescadores, do Ceará (CPP).


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